Restauração da Mata Atlântica
As matas ciliares são formadas por diferentes espécies e estão divididas em dois principais grupos:
- Pioneira: espécies de desenvolvimento rápido, com crescimento em pleno sol e alto poder de regeneração. Alta dispersão de sementes, ciclo de vida curto, forte poder de colonização.
- Não Pioneira: espécies de crescimento lento que se desenvolvem em locais sombreados, geralmente de grande porte. É interdependente necessita de microclima,
ou seja, do ambiente favorável transmitido pelas pioneiras.
Algumas técnicas de recuperação de matas ciliares
- Regeneração natural:
Quando a área a ser reflorestada apresenta capacidade de se recuperar sem a intervenção direta do homem (plantio de mudas, capina, condução entre outros tratos culturais necessários para recuperar uma área). Um exemplo deste processo pode ser visto em uma determinada área de floresta quando a mesma sofre um desmatamento ou um incêndio, ao longo do tempo a mata vai ocupando a área aberta por grupos de plantas que vão se substituindo até formar uma floresta.
A mata tem facilidade para se recompor naturalmente quando existem fragmentos nativos próximos ou banco de sementes no solo, que permitam sua recuperação. Neste caso, basta isolar o espaço e deixar a natureza trabalhar sozinha.
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Condução de regeneração natural:
É possível também conduzir, ou seja, orientar a regeneração natural, através de procedimentos simples, como o isolamento da área e a retirada dos fatores de degradação, bem como capinas seletivas para eliminação de espécies invasoras e controle das erosões. Vale lembrar que a presença de espécies invasoras, como o capim-gordura e trepadeiras, podem atrapalhar diretamente a recuperação. A regeneração natural é uma forma de restauração de mata ciliar de mais baixo custo, porém, é um processo normalmente lento.
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Enriquecimento de espécies:
Consiste no plantio de espécies que já ocuparam a área e hoje não estão mais presentes. Neste sistema, são plantadas mudas de espécies não pioneiras, que ainda não estão se desenvolvendo no local. Para isso é necessário fazer um levantamento das espécies que ocupavam a área originalmente, buscando listas dos biomas locais.
Nas propriedades da agricultura familiar podem ser utilizadas espécies de valor econômico, como por exemplo, o palmito juçara. Neste caso, já existe regeneração natural forte, mas por falta de fragmentos florestais próximos e
dificuldade de dispersão de sementes, a floresta não consegue entrar em uma dinâmica própria, é necessário introduzir novas espécies.
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Sistemas agroflorestais
É uma maneira que concilia a recuperação das matas ciliares com a agricultura em propriedades rurais de pequeno porte ou de agricultura familiar. O sistema agroflorestal é uma forma de usar a terra na qual se combinam espécies de árvores com cultivos agrícolas de várias espécies, como por exemplo, o cultivo de banana, mandioca, milho, feijão, ou ainda árvores frutíferas e ervas medicinais.
É uma forma de melhor se aproveitar às áreas e os recursos como solo, água e luz, etc. Este sistema pode ser utilizado em áreas onde não há vegetação ou onde e ela já exista. Representa uma maneira sustentável de agricultura que não precisa desmatar e queimar áreas para implantação de grandes lavouras, mas concilia a produção agrícola com a preservação ambiental.
Todo o processo agroflorestal é um ciclo e o trabalho deve ser feito de modo que uma planta auxilie o desenvolvimento de outra, respeitando as necessidades de sombra e fertilidade de cada espécie. Por exemplo: espécies como o capim-elefante e a amora, além de diversificar e adubar a floresta servem de alimento para as vacas leiteiras, que além do leite, produzem esterco, que serve como adubo verde para hortaliças e frutíferas.
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Nucleação
Consiste principalmente na formação de pequenas áreas concentradas com espécies pioneiras de alto poder de colonização, que vão funcionar como micro-habitats para a fauna. Estes núcleos servirão como abrigo ou poleiro para diversos animais, que se encarregam de dispersar sementes para o desenvolvimento de uma floresta. O processo ocorre dos fragmentos para os núcleos e dos núcleos para os fragmentos, permitindo o aumento da diversidade de espécies dos núcleos e crescimento em tamanho, até que o mesmo alcance toda área a ser recuperada.
A técnica de nucleação permite recuperar grandes áreas com pouco investimento, utilizando os mecanismos naturais, que ao longo do tempo transformará o local degradado em uma área recuperada. Porém as técnicas de nucleação levam mais tempo para recuperar a área.
Consórcios de espécies ou reflorestamento
Trata-se da intervenção total na área, sendo necessário reproduzir todos os estágios de formação de uma floresta, através do plantio de espécies nativas de acordo com o bioma do local. Este procedimento é utilizado nos asos onde não há vegetação alguma e não se tem regeneração espontânea.
A Campanha Cílios do Ribeira é um processo permanente de articulação visando a restauração e conservação das matas ciliares da região. No mapa abaixo é possível visualizar as áreas onde existem processos de restauração apoiados pelo Campanha, com informações sobre tamanho da área, metodologia de restauração utilizada e, nos casos em que a opção seja por plantios, a quantidade de mudas utilizadas. As áreas estão divididas em quatro categorias, de acordo com o tipo de propriedade: área particular, área pública, assentamento e território ocupado por populações tradicionais.
Clicando nos botões abaixo você pode conhecer quais são as áreas protegidas por legislações específicas, como as Unidades de Conservação, os territórios quilombolas e indígenas. Clicando no botão “Áreas de Mineração”, é possível acompanhar as áreas onde existem processos para pesquisa e extração de recursos minerários, de acordo com informações do Departamento Nacional de Proteção Mineral (DNPM).
Os municípios em destaque estão inseridos na Bacia Hidrográfica Ribeira de Iguape e Litoral Sul. Clicando no botão “Limites da Bacia”, é possível conhecer o território da Bacia.